sábado, 10 de maio de 2008

Aos pais

"Texto de Affonso Romano de Sant’Anna”


Enviado por Angela e Tadeu

Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos seus próprios filhos.
É que as crianças crescem independentes de nós, como árvores tagarelas e pássaros estabanados.
Crescem sem pedir licença à vida.
Crescem com uma estridência alegre, e, às vezes com alardeada arrogância.
Mas não crescem todos os dias de igual maneira.
Crescem de repente.
Um dia sentam-se perto de você no terraço e dizem uma frase com tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura.
Onde é que andou crescendo aquela danadinha que você não percebeu?
Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços e o primeiro uniforme do maternal?
A criança está crescendo num ritual de obediência orgânica e desobediência civil...
E você está agora ali, na porta da discoteca, esperando que ela não apenas cresça, mas apareça!
Ali estão muitos pais ao volante, esperando que eles saiam esfuziantes sobre patins e cabelos longos, soltos.
Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão nossos filhos com o uniforme de sua geração:
incômodas mochilas da moda nos ombros.
Ali estamos com os cabelos esbranquiçados.
Esses são os filhos que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das notícias e da ditadura das horas. E eles crescem meio amestrados, observando e aprendendo com nossos acertos e erros.
Principalmente com os erros que esperamos que não repitam.
Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos próprios filhos.
Não mais os pegaremos nas portas das discotecas e das festas. Passou o tempo do ballet, do inglês, da natação e do judô. Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas.
Deveríamos ter ido mais à cama deles ao anoitecer para ouvir sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infância, e os adolescentes cobertores daquele quarto cheio de adesivos, pôsteres, agendas coloridas e discos ensurdecedores.
Não os levamos suficientemente ao Playcenter, ao shopping, não lhes demos suficientes hambúrgueres e cocas, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas que gostaríamos de ter comprado.
Eles cresceram sem que esgotássemos neles todo o nosso afeto.
No princípio subiam a serra ou iam à casa de praia entre embrulhos, bolachas, engarrafamentos, natais, páscoa, piscina e amiguinhos.
Sim, havia as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, os pedidos de chiclete e cantorias sem fim.
Depois chegou o tempo em que viajar com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível deixar a turma e os primeiros namorados.
Os pais ficaram exilados dos filhos. Tinham a solidão que sempre desejaram, mas, de repente, morriam de saudades daquelas “pestes”.
Chega o momento em que só nos resta ficar de longe, torcendo e rezando muito (nessa hora, se a gente tinha desaprendido, reaprende a rezar), para que eles acertem nas escolhas em busca de felicidade. E que a conquistem do modo mais completo possível.
O jeito é esperar: qualquer hora podem nos dar netos.
O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco.
Por isso os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável carinho.
Os netos são a última oportunidade de re-editar o nosso afeto.
Por isso é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que eles cresçam.

Aprendemos a ser filhos depois que somos pais...
“Só aprendemos a ser pais depois que somos avós”

Quando li esse texto, logo me veio a mente o dia em que me casei e em seguida tive meu primeiro filho (hoje sou mãe de três). Comecei a pensar, ou melhor, repensar em tudo o que aconteceu em minha vida e com que rapidez tudo foi acontecendo. Me lembrei da minha imaturidade, da teimosia, da insistência em não admitir os erros que cometi na criação dos meus filhos, enfim, coisas que só pude perceber enquanto o tempo passava, meus filhos cresciam e a percepção só chegou definitivamente quando me tornei avó. Gente, é sublime!
Meu filho mais velho, o Marquinhos, casado e pai das meninas também comentou comigo certa vez numa conversa informal, que começava a perceber os erros que havia cometido no passado (não tão distante) e penso que assim ele estava crescendo como pai. Consequentemente, com a chegada das netinhas (Rafaela e Júlia), aprendi a ser uma mãe um pouco melhor e uma avó extremamente preocupada com o bem estar delas. Concordo com a frase final: "Só aprendemos a ser pais depois que somos avós" e agradeço a Deus todos os dias pela oportunidade que Ele me deu de formar uma família tão linda!
Se você é pai, mãe, avô ou avó aproveite bem os momentos em que podem estar com seus filhos e netos. O tempo passa muito rápido e quando você perceber pode ser tarde demais e só restar a saudade.
A família é dom de Deus, aproveite!!!!

Um comentário:

Unknown disse...

Parabéns pelo Blog, os textos são lindos e sinceros... Continuem entusiasmados, pois suas experiências servirão de exemplo para muitas pessoas!!! bjus.... Família Duarte David
Obs. Deus age de maneira misteriosa!!!!!

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